Os últimos acontecimentos no Sul do Brasil não foram fáceis. As enchentes causadas pelo excesso de chuva e por variados fatores agravaram a situação, causando muitos estragos e deixando uma pergunta para refletirmos: o que fazer com os cães e gatos durante e após uma enchente? Quais doenças ameaçam cães e gatos nesse momento? A superlotação e a falta se suprimentos também é algo desafiador, o que fazer? Esses e tantos outros questionamentos começa a aparecer e a necessidade de compartilhar informação torna-se primordial.
O primeiro passo é cuidar dos pets antecipadamente, claro que não há como prever acontecimentos como estes, mas deixar a carteira de vacinação em dia é a melhor escolha para prevenir doenças antecipadamente. E diante de uma catástrofe como esta a prevenção pode ser a salvação, não é mesmo!
O segundo passo é o mais importante, ficar atento aos alertas de alagamentos, ir para um local seguro e cuidar para que cães e gatos não fiquem agitados, muito assustados ou com medo. Nessa hora, mantê-los próximos, procurar acalma-los e, evitar assim fugas e abandonos! Segurança é primordial, por isso, ficar alerta é fundamental. Fique de olho nas informações e orientações da defesa civil.
O terceiro passo e o mais importante é cuidar da saúde dos pets que correm muitos riscos com o stress dessa situação. O medo, o desespero, além das doenças, uma das maiores ameaças devido a inundação que traz sujeira, contaminação, microrganismos causadores de diversas enfermidades que podem levar até a morte. E entre as principais doenças estão a giardíase e a leptospirose.
A giardíase é uma doença causada pelo protozoário Giardia intestinalis (Giardia lamblia ou Giardia duodenalis), um parasito intestinal. A transmissão ocorre por meio da ingestão de alimentos e água contaminada com cistos (forma de resistência) da Giardia ou via fecal-oral. Os animais infectados podem ser assintomáticos ou sintomáticos – nesse caso, apresentam um quadro de diarreia, que pode variar de leve a severo e pode ser contínuo ou intermitente. Para o diagnóstico da giardíase, o veterinário realiza a associação da anamnese, a análise de histórico do pet e o exame físico, além do exame coproparasitológico. O tratamento é baseado no uso de fármacos antiparasitários e/ ou antibióticos.
Já a leptospirose é uma doença infecciosa, causada pela bactéria Leptospira sp. A bactéria entra no organismo penetrando na pele ou na mucosa, multiplica-se na circulação sanguínea e pode produzir lesões em vários órgãos e sistemas, mais comumente no fígado e nos rins, e é eliminada para o ambiente principalmente por meio da urina. A transmissão ocorre pela exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira. Sua penetração ocorre por meio da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou pelas mucosas.
Os animais podem apresentar sinais como anorexia, vômito, desidratação e mucosas pálidas. Porém, esses sintomas são inespecíficos, além de que, muitas vezes os pets podem ser assintomáticos e, por isso, não são diagnosticados ou tratados, continuando a transmitir a bactéria. Para diagnosticar a leptospirose, o médico-veterinário realiza associação de sinais clínicos, epidemiologia e exames laboratoriais. O tratamento varia de acordo com a gravidade e a evolução do quadro clínico.
Ambas as doenças são facilmente adquiridas no contato com a água contaminada, e em lugares de enchentes, com certeza a situação se agravará, principalmente por serem transmitidas para humanos. Ainda o quadro de stress intenso que esses animais passaram e ainda estão passando pela mudança brusca de ambiente, perda da sua casa, seus tutores, abandono, fraqueza por falta de comida, água, insegurança, pavor pela aproximação de estanhos entre tanto outros pode, com certeza, gerar grandes complicações comportamentais e fazê-los adoecer.
Por isso, o apoio de veterinários voluntários, de ONGS, groomers, banhistas é primordial nessa hora. São esses profissionais que entendem de cuidados desde os relacionados a saúde como aqueles relacionados a higiene e bem-estar que unidos numa grande corrente de apoio podem fazer a diferença para tratar quem precisa de cuidados médicos, procurar abrigo para os que estão perdidos ou abandonados, promover a higiene e cuidados para reduzir o stress e garantir mais proteção, calma e segurança para esses animais tão fragilizados.
As enchentes no Rio Grande do Sul já são consideradas a maior catástrofe climática do país, com 446 munícipios atingidos, 163 mortos e 65 desaparecidos segundo informações oficiais. Não sabemos ainda, o tamanho ou proporção das consequências dessa tragédia que ainda não terminou. Ainda temos muito a fazer, cada um do seu jeito, seja doando dinheiro, tempo, alimentos, água, roupas, abrigo ou mesmo um abraço que acolhe e tranquiliza. Vamos deixar aqui alguns caminhos seguros para dar seu apoio ou colaboração. Um pouco de cada se torna muito, juntos pelos nossos irmãos no Rio Grande do Sul!